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Seus pés, agora descalços, sentiam as ranhuras da madeira onde pisava. Daquele ângulo, o mar ficava ainda mais bonito. Não fossem os gritos dos homens atrás dele e o fato de estar amarrado, aquele seria um local ótimo para passar algum tempo. O sol estava a pino e fazia muito calor, mesmo para o mês de janeiro.

Como tinha acabado nessa situação? Era isso que pensava Paul, enquanto tentava dar passos cada vez menores, evitando a borda da prancha. Tudo havia começado há alguns dias atrás quando, depois de ser dispensado da guarda real, resolvera abrir uma pequena taberna no porto da cidade, seguindo os conselhos de alguns ex-companheiros de guarda. Disseram que poderia atender aos trabalhadores do porto que, com certeza, trariam sempre algum dinheiro para gastar com bebidas.

Nos primeiros dias os fregueses eram poucos, os homens que cruzavam sua porta falavam sobre o medo que os estivadores e dos rumores de piratas por aquelas bandas. Diziam que eles preferiam ficar em seus navios bebendo o pouco rum que sobrava de cada viagem. Paul lembrava-se das historias que sua avó paterna contava sobre esses homens do mar, dizia que por muitas vezes eles aportavam por aquelas bandas a noite para saquear a cidade e roubar crianças e donzelas.

E por uma donzela é que acabara na situação atual. Naquela manhã os rumores de pirataria próxima já haviam chegado até mesmo nos mercadores do outro lado da cidade. Alguns diziam que aproveitariam os dias em que a guarda real estaria de guarda no teatro municipal para as seis apresentações de um famoso grupo de balé Francês. Paul sabia que isso não era nenhuma bobagem afinal, poucos dias antes de sair da corporação seu regimento havia sido designado para monta guarda junto ao teatro durante os seis dias de apresentações. E naquela mesma noite antes de fechar a porta e se preparar para dormir, um homem estranho bate com força no balcão – uma dose de rum! Para um velho marinheiro com sede! – dizia o velho. Ao receber sua bebida saiu mancado até uma mesa ao fundo do salão. Ele passou o resto da noite bebendo aquele caneco de rum e observando os clientes.

Quando o ultimo marinheiro bêbado foi levado pelos amigos para fora do bar, o velho manco ainda estava lá, no fundo do salão com seu caneco vazio. Vagarosamente se levantou e mancou até o balcão jogou uma moeda de prata a Paul e rumou para a porta aberta. Na frente da porta o manco parou: - esta taberna teria um quarto em que um velho manco poderia passar a noite? – perguntou o velho sem nem ao menos se virar.

- não somos hospedaria Sr.

- garanto que não vai se arrepender de me dar abrigo, taberneiro – disse o velho se virando e lançado a Paul uma grande moeda de ouro.



[continua]




esse é o inicio de um presente prometido a muito tempo...

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