Pular para o conteúdo principal

Adelaide!


          

                       Em 1964, devido a diversos fatores envolvendo a política do Brasil e do mundo, sofremos um golpe de Estado dos militares e passamos por vinte anos de ditadura. Nesse período além de perseguição política a todos que fossem contra os ideais dos militares, vários artistas tiveram seu trabalho censurado previamente. Isso sem mencionar jornais, revistas e estudantes.

            Acontece que vinte anos depois do golpe, passados todos os Atos Institucionais, as torturas, perseguições políticas e o milagre econômico, voltamos a viver a democracia, eleições diretas, receitas de bolo param de ser colocadas nas capas de jornais onde antes estiveram noticias subversivas. Voltamos até mesmo a ter políticos corruptos, ou será que nunca deixamos de tê-los? Enfim, isso não vem ao caso agora. O interessante nisso tudo é que deixamos para trás a era da censura, novamente pudemos nos expressar da forma que bem entendêssemos. E assim é até hoje...

            Será que é mesmo assim mesmo? Hoje vi uma noticia que me fez repensar isso tudo, a personagem Adelaide do Zorra Total está sendo alvo de investigações por suspeita de racismo. Não que o programa seja exemplo de bom gosto e qualidade no humor, mas daí ao racismo, acho um pouco demais!

            Segundo a reportagem, alguns representantes de ONG´s teriam denunciado a utilização de estereótipos racistas da personagem. Eu digo que isso é uma grande bobagem! Vejam bem, o personagem traz uma crítica a alguns pontos característicos da sociedade atual, como o consumismo, a falsa sensação de elevação de classe social e as pessoas que, apesar de sermos a 6° (?) economia no mundo, ainda vivem da mendicância. Mais do que isso mostra que existem pessoas que vivem a margem da sociedade por opção.

            Sinceramente não entendo o quadro da Adelaide, o único que gosto do programa, como racismo, mas entendo a medida [se ocorrer de tirarem ele do ar] como a boa e velha censura. O preconceito de raça, na minha humilde opinião, está na diminuição, humilhação ou agressão a esta ou aquela raça, seja lá o sentido que este termo tenha. No caso da personagem do Rodrigo Sant'anna [cara que faz a Adelaide] não existem esse pontos. Precisamos deixar um pouco de lado esse ranço criando pelo o “politicamente correto” e aprender a rir um pouco mais de nós mesmos. Mais do que isso, precisamos saber que a televisão não passa de um reflexo da sociedade e o humor precisa de um toque de VERDADE para ter graça.

            Então a questão não é tirar a Adelaide do Zorra Total, mas como fazer para que ela não esteja mais em lugar nenhum!
           


Comentários

  1. Ironicamente, a comédia tem sido tida como assunto sério no Brasil, mas só quando convém a alguma parte. É a mesma putaria do caso do Rafinha Bastos.
    Todos ficam indignados, mas ninguém acha que vale a pena dar a cara a tapa em troca de não perder uma fonte de risadas. Sai perdendo apenas a categoria que tem nisso o seu ganha pão, ao menos enquanto a censura não se espalha por outros ramos da sociedade....

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

E agora, Y?

Bem vindo sejas tu, que está prestes a ler um pouco mais sobre o grupo ao qual possivelmente pertenças, a Geração Y, e sobre o comportamento destes caras no mercado de trabalho. Sociologicamente definidos como os nascidos entre o fim da década de 1970 e o início da década de 1990. Enfim, aqueles que estão ingressando agora ou ingressaram recentemente no mercado de trabalho. Mas isso é sociologia. Geração Y está muito ligado àquilo que sentimos e como agimos , desprendendo-se de datas (vamos lembrar que quem estabeleceu essas datas foi a Geração X). Pertencer a este grupo é muito mais para quem tem atitudes e sentimentos que dizem respeito a este grupo do que um dado da certidão de nascimento (se tu não concordas com isso, não discutirei. Fadiga) Geração Y : se tu chamas teu chefe de cara, se tu te interessas por um trabalho pela possível promoção e pela possibilidade de aumento, ao invés do cargo e salário iniciais, se tu não suportas fazer sempre a mesma coisa, se tu amas a inter...
Imagem pagina O Barão (facebook)           Hoje durante todo o dia acompanhei as manifestações a respeito do 11 de setembro nas redes sócias. Confesso que me espantei um pouco com alguns comentários no mínimo equivocados sobre o episódio. Algumas pessoas insistiram em fazer uma comparação infeliz entre o atentado terrorista ao World Trade Center em 2001 e o ataque nuclear às cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki no final da 2° Guerra Mundial.           Confesso que fiquei incomodado com as declarações do tipo “Tentam nos fazer acreditar que o 11 de setembro foi a maior tragédia humana, mas esquecem das pessoas que morreram em Hiroshima” ou mesmo “Morrem muito mais pessoas todos os dias do que no atentado de 11 de setembro”. Eu me pergunto o por quê desse tipo de atitude? Por quê fazer pouco caso da tragédia alheia?           Será por raiva dos Estado...