Confesso que tenho muita dificuldade com livros digitais. Não que tenha algo contra eles, não sou desses que diz que o e-book vai acabar com o livro impresso, até porque já está mais do que provado que isso não vai acontecer. Mas por algum motivo não me dou bem com livros virtuais, acho que nunca consegui terminar nenhum.
Acontece que a leitura não se resume ao simples ler para obter informação. Talvez se aproxime um pouco da comida, como dizem os grandes entendedores de comida: comer não significa só alimentar-se, existem mais experiencias contidas em uma refeição que a simples deglutição. Come-se primeiro com os olhos, come-se também com o nariz, o ambiente faz parte da refeição, até mesmo o prato e os talheres.
Não que eu seja um grande expert em literatura, muito pelo contrário. De qualquer modo me considero sim uma pessoa que come e lê por prazer, não por necessidade.
Assim é que a leitura, tal qual a gastronomia, é uma experiencia multisensorial. Não lemos somente com os olhos, mas com o nariz, o cheiro do livro novo, o cheiro de livro velho fazem toda a diferença, ajudam a contextualizar a história. A textura, cor e espessura do papel também irão influenciar na forma com que aproveitamos o momento.
Um livro pesado com letras miúdas nos remete a algo solene e importante. Já os leves e com letras grandalhonas quase sempre são livros com temas igualmente mais leves e fáceis de digerir, verdadeiras saladas literárias.
Até mesmo a capa é fator importante, julgue sim um livro pela capa! Existe uma grande diferença entre ler um Don Quixote de capa flexível e colorida e um volume do mesmo título com encadernação de capa dura em couro, digna das grandes aventuras de cavalaria.
O caso é que livros virtuais não permitem esses pequenos prazeres, esses detalhes que fazem a história saltar das páginas e envolver o leitor. Me desculpem os tecnomaníacos, mas existe algo de incompleto na leitura virtual.
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